A Gestora da S2G Natália Lima uniu em um artigo inédito dúvidas que participantes de um treinamento de Interpretação do Esquema FSSC 22000 versões 6.0 apresentarem durante as aulas. Confira agora!

  1. Monitoramento ambiental: qual frequência segura?

O programa de monitoramento ambiental tem como objetivo a avaliação da eficácia dos controles da prevenção da contaminação do ambiente do site.

De acordo com o requisito adicional do Esquema, os dados das atividades de monitoramento ambiental, incluindo a análise regular de tendência e do programa de monitoramento ambiental devem ser analisados em relação à efetividade e adequabilidade continuada, no mínimo, anualmente e com mais frequência se necessário, incluindo quando ocorrerem os seguintes desencadeadores:

  1. Alterações significativas relacionadas com produtos, processos ou legislação;
  2. Quando não houver resultados positivos dos testes por um longo período de tempo;
  3. Tendência de resultados microbiológicos fora da especificação, relativos a produtos intermediários e acabados, vinculados ao monitoramento ambiental;
  4. Uma detecção repetida de patógenos durante o monitoramento ambiental de rotina; e
  5. Quando houver alertas, recalls ou recolhimento de produto(s) produzido(s) pela organização.

A frequência ideal para cada ponto a ser amostrado vai variar de acordo com as características físico-químicas e microbiológicas do seu produto, das condições em que ele é processado, das tendências e do histórico de análises associados a contaminação microbiológica.

O ideal é que seja feito um mapeamento de todos os pontos que devem ser amostrados considerando o zoneamento da área (ou seja, daquela de contato direto, indireto ou sem contato).

Quanto mais rápida a resposta sobre a presença e a contagem de microrganismos indesejáveis na sua fábrica mais chances você tem de tomar ações para impedir a contaminação cruzada e garantir o atendimento às especificações do produto acabado. Estas ações também evitarão bloqueios de produtos, perdas, reclamações e até mesmo recall em alimentos. Uma vez definido, o programa de monitoramento ambiental possibilita o aprimoramento dos programas de pré-requisitos de higienização e movimentação de pessoas, produtos e materiais, permitindo assim que a empresa obtenha respostas com mais agilidade e assertividade dos controles existentes.

2. ESA – a equipe precisa contar com a gerência fabril? Podemos atualizar e colocar por ex: líderes do processo? Incluindo pessoas dos demais setores, mas envolvendo outras hierarquias, que não somente gerência?

Pode participar, mas não é uma obrigação.

Não é uma premissa que as gerências ou lideranças façam parte da ESA, o importante é que ela seja composta por pessoas com conhecimento multidisciplinar sobre: os processos, produtos, equipamentos, conhecimento organizacional com foco na segurança de alimentos, microbiologia, perigos em alimentos etc.

As gerências podem, através de outros fóruns, participar das comunicações e dar feedbacks ou tomar decisões que podem ser úteis da análise da ESA.

A ESA deve ser a equipe de inteligência em segurança de alimentos e apoiar as decisões de tudo que se relaciona ou pode ter impacto com a segurança de alimentos.

Caso a organização não possua internamente toda a expertise necessária, profissionais podem ser contratados para compor ou agregar o conhecimento necessário. Vale se atentar, que nesta situação, as competências, responsabilidades e autoridades devem ser formalmente definidas e atendidas, com evidências documentadas.

3. Utilizar luvas realmente garante a segurança do alimento? Pensando no início ao fim do processo.

Utilizar as luvas não garante a segurança de alimentos, pois elas próprias podem ser fonte de contaminação física, como fragmentos dela mesma no produto, química, como no caso do látex, por exemplo e microbiológica, como no caso de bactérias, se não forem adequadamente trocadas ou higienizadas.

O que garante a segurança de alimentos é o cuidado com o manuseio dos alimentos, no que diz respeito a higienização, conservação e materiais de contato com alimentos apropriados para este fim. O uso da luva muitas vezes cria uma barreira psicológica no manipulador de que as mãos estão protegidas da sujidade fazendo com que não as higienize ou faça isso com uma frequência indesejada. Portanto, o uso de luvas requer cuidados redobrados na prevenção da contaminação cruzada dos alimentos!

4. De quanto em quanto tempo ocorre a certificação e como deve ser feito o acompanhamento das atualizações da norma? (tempo)

A certificação FSSC 22000 tem um ciclo de 3 anos, porém pelo menos a cada 12 meses as empresas devem receber uma auditoria periódica ou de manutenção da certificação.

A atualização da norma, no caso da FSSC 22000 versão 6 entrará em vigor a partir do dia 01 de abril de 2024 e deverá ser feita em até 12 meses (não excedendo o prazo de 31 de março de 2025) para a avaliação da conformidade na próxima auditoria regular da organização. Nestes casos, é adicionado um tempo maior para abranger os novos requisitos.

5. As novas atualizações e requisitos que a empresa deve atender surgem através da demanda de qual órgão? Como FSSC 22000 baseia-se para novos requisitos?

Surgem através da GFSI (Iniciativa Global de Segurança de Alimentos). A GFSI visa melhorar a segurança de alimentos e a eficiência empresarial no mundo. O trabalho da GFSI é promover o benchmarking e a harmonização, promovendo a aceitação mútua dos programas de certificação reconhecidos por ela, com a estratégia: “uma vez certificado, reconhecido em todos os lugares”. Isto reduz as ineficiências resultantes da duplicação de auditorias e ajuda a reduzir as barreiras comerciais. O processo de Benchmarking da GFSI é hoje amplamente reconhecido na indústria de alimentos em todo o mundo e cabe aos donos dos protocolos, como no caso de a FSSC 22000, assegurar que seus requisitos estejam alinhados aos benchmarkings do GFSI.

( http://www.mygfsi.com )

6. Qual é a relação da certificação FSSC com as legislações de alimentos da Anvisa?

O atendimento aos requisitos regulamentares é uma premissa para a conformidade em Sistemas de Gestão de Segurança de Alimentos, inclusive o não atendimento legal, implica em não conformidades críticas e até mesmo a perda da certificação. Um padrão normativo não está acima da lei. Pode-se observar que o atendimento a requisitos estatutários e regulamentares é citados diferentes seções da ISO 22000, por exemplo, que é a norma do SGSA que compõe o Esquema FSSC 22000.

7. Parte de responsabilidade ambiental está inclusa no esquema?

Não há neste momento nenhum requisito específico sobre responsabilidade ambiental. Por exemplo, quando abordamos o tema de gestão de resíduos, o foco existente é a prevenção da contaminação cruzada dos alimentos e preservação das condições higiênicos sanitárias dos ambientes onde eles são processados. Um tema recentemente introduzido na versão 6 da FSSC 22000 é o de redução de perdas e desperdícios de alimentos, que, embora gere ganhos ao meio ambiente, também tem um foco direcionado para a “segurança de alimentos”. Há sugestão para que a nova versão da ISO 22000 considere questões climáticas no contexto da organização, mas por enquanto nada oficialmente aprovado e publicado.

8. Tem alguma “escala” de NC (não conformidades) máxima e mínima “aceitável”? O que levaria a perder esse a certificação FSSC 22000?

De acordo com as definições no Esquema FSSC 22000, o Organismo de Certificação (OC) deve aplicar estes critérios como uma referência para determinar o nível de não conformidades para as conclusões. Existem três níveis de classificação de não conformidades:

  1. Não conformidade menor;
  2. Não conformidade maior;
  3. Não conformidade crítica.

As não conformidades devem sempre ser escritas segundo os requisitos mais relevantes do Esquema relacionados com os critérios de auditoria específicos da ISO 22000:2018, a norma PPR especificada ou o Requisito adicional FSSC 22000.

Se considera que as não conformidades identificadas na auditoria da Matriz têm um impacto nos procedimentos equivalentes aplicáveis a todos os sites. As ações corretivas, portanto, devem  abordar os problemas de comunicação em todos os sites certificados e as ações apropriadas para os sites afetados. Essas não conformidades e ações corretivas devem ser claramente identificadas  na respectiva seção do relatório de auditoria do site e devem ser apuradas de acordo com os procedimentos do OC antes de emitir o certificado do site ou concluir a decisão de certificação.

Em relação a suspenção, retirada e redução de escopo segue abaixo:

  • Suspensão: o OC deve suspender a certificação quando uma não conformidade crítica é emitida e/ou há evidências que a organização certificada é incapaz ou não está disposta a estabelecer e manter a conformidade com os requisitos do
  • Retirada: o OC deve retirar um certificado quando:
    1. O status de suspensão não pode ser retirado no prazo de seis (6) meses;
    2. A organização cessa suas atividades de certificação FSSC 22000;
    3. Quaisquer outras situações em que a integridade do certificado ou do processo de auditoria é gravemente
  • Redução do escopo: Quando o OC tem evidência de que a organização certificada possui um certificado no qual o escopo não é um reflexo preciso do sistema de gestão, por exemplo, devido a mudanças nos locais ou do controle da organização, o OC deve reduzir o escopo da certificação O OC não deve excluir atividades, processos, produtos ou serviços do escopo de certificação, quando estas atividades, processos, produtos ou serviços podem ter uma influência na segurança de alimentos dos produtos finais, conforme definido no escopo da certificação.

Os certificados podem ser suspensos ou retirados pela Fundação ou pelo OC segundo instrução da Fundação, devido ao não cumprimento do OC dos requisitos do Esquema ou à rescisão da licença do OC com a Fundação.

9. Qual o impacto da FSSC 22000 no desenvolvimento de novos produtos?

O impacto está relacionado ao atendimento dos requisitos legais, na capacidade de produzir garantindo a segurança de alimentos (considerando pessoas, infraestrutura, leiaute, equipamentos etc) e de que este novo produto não vai impactar nos produtos já existentes. Por isso, é importante que o time de P&D compreenda os perigos e riscos associados em cada projeto para entendimento da viabilidade e que promova o envolvimento de todas as áreas pertinentes da empresa conforme as fases do projeto tais como a ESA, Engenharia, Manutenção, Compras etc.. Por exemplo: a introdução de um novo alergênico pode impactar na reformulação de outros produtos, revisão dos programas de pré-requisitos, APPCC etc.

A S2G realiza treinamentos, auditorias e consultoria no assunto. Caso deseje maiores informações entre em contato conosco.