Silos Organizacionais – O que são e como podem impactar na Cultura de Qualidade e Segurança de Alimentos?

Silos organizacionais e o impacto no amadurecimento da cultura de qualidade e segurança de alimentos

Os silos organizacionais se formam quando um grupo de pessoas, setor ou departamento atua de forma isolada, com pouca troca de informações, comunicação e colaboração com outras áreas. Vimos isso na prática em inúmeras empresas que atuamos e observamos o quanto que estes “muros invisíveis” impactam na eficácia dos sistemas de gestão da segurança e da qualidade,  pois afetam o engajamento, comunicação interna, eficiência operacional, trabalho em equipe “soma dos esforços”, sentimento de dono, inovação e experiência com as partes interessadas.

Os silos organizacionais, quando presentes em empresas do setor de alimentos, representam barreiras significativas para o amadurecimento da cultura de qualidade e segurança de alimentos. Ao restringirem a comunicação e a colaboração entre áreas, prejudicam diretamente a forma como a visão, os valores e as práticas de segurança de alimentos são compreendidos, incorporados e vivenciados por todos.

Considerando as cinco dimensões de cultura de segurança de alimentos consideradas no posicionamento da Iniciativa Global de Segurança de Alimentos (GFSI) associo o impacto dos silos organizacionais da seguinte forma:

  1. Visão e missão

    • Silos fragmentam a visão e missão, pois cada área passa a trabalhar com objetivos próprios, muitas vezes desalinhados com a meta global de garantir alimentos seguros.

    • O resultado é que a segurança de alimentos deixa de ser um compromisso coletivo para ser um “assunto do setor da qualidade”.

  2. Pessoas

    • A desconexão entre áreas dificulta que todos se sintam responsáveis pela segurança de alimentos. Isso influencia também o sentimento de dono e a busca pelos resultados de forma mais abrangente.

    • Isso leva à percepção equivocada de que a responsabilidade recai apenas sobre um departamento, reduzindo o engajamento e a corresponsabilidade.

  3. Adaptabilidade

    • Empresas com silos têm menor capacidade de reagir rapidamente a incidentes ou mudanças regulatórias, pois a troca de informações é lenta e fragmentada.

    • Falta de integração impede ações preventivas coordenadas e uma visão mais ampla na busca pela solução de problemas.

  4. Consistência

    • A aplicação das práticas de segurança de alimentos varia entre setores, criando pontos fracos no sistema de gestão;

    • Procedimentos e controles deixam de ser aplicados de forma padronizada e sem visibilidade da integração entre os processo.

  5. Percepção de perigo e risco

    • Em um ambiente fragmentado, a avaliação e a comunicação de riscos não são compartilhadas de forma ampla, resultando em decisões parciais e falhas de controle.

A FSSC 22000 em sua versão mais atual requer que o plano de cultura de segurança de alimentos considere minimamente quatro elementos, no entanto os silos organizacionais reproduzem impactos negativos a eles se não forem eliminados.

  1. Comunicação

    • Silos reduzem a transparência e dificultam a disseminação de informações críticas, como mudanças em procedimentos, alertas de riscos e resultados de auditorias.

  2. Treinamentos

    • Ações formativas ficam restritas a determinados setores, sem incluir todos os colaboradores que possam impactar a segurança de alimentos.

  3. Feedback dos colaboradores

    • O isolamento de áreas impede que sugestões, percepções e alertas de colaboradores cheguem aos tomadores de decisão, enfraquecendo a cultura de melhoria contínua.

  4. Desempenho

    • A medição e o acompanhamento de indicadores de desempenho tornam-se parciais, já que nem todas as áreas reportam de forma integrada, prejudicando a análise sistêmica.

A presença de silos organizacionais compromete a maturidade cultural porque não proporciona a colaboração necessária para que todos os colaboradores incorporem e pratiquem os princípios da gestão da qualidade e segurança de alimentos. Para superar esse desafio, é fundamental promover integração interdepartamental através da abordagem de processo, comunicação interativa e programas de cultura robustos, que envolvam todos os níveis hierárquicos.

Referência:

FSSC Foundation. Esquema FSSC 22000 – Versão 6. 2023.

Global Food Safety Initiative (GFSI). Uma cultura de segurança de alimentos. Position Paper. 2018.

A S2G fez uma tradução voluntária para colaborar com os estudos sobre cultura de segurança de alimentos, caso queira acessar e baixar, clique aqui: https://s2gestao.com.br/uma-cultura-de-seguranca-de-alimentos/

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