O FestQuali Day marcou presença em BH no dia 18 de abril de 2024. Um dia inteiro abordando a temática “Desvendando os Perigos na Segurança de Alimentos”. O evento abordou o tema em blocos divididos em painéis para perigos físicos, químicos e biológicos.

O painel de perigos físicos contou com a presença da Natália Lima, consultora de qualidade e segurança de alimentos pela S2G e cofundadora do portal E-food, com a palestra “A importância da identificação e controle dos perigos físicos na indústria de alimentos”. Foram abordados conceitos relevantes sobre segurança de alimentos, diferença do que são considerados materiais estranhos indicativos de riscos à saúde e de falhas de boas práticas de fabricação, apresentados exemplos de perigos físicos detectados em estudo realizado por pesquisadores no Instituto Adolfo Lutz, assim como reforçou que a eficácia dos resultados serão influenciados pela consistência dos programas de pré-requisitos, APPCC e medidas de controle associadas aos recursos tecnológicos existentes no mercado, como detectores de metal, filtros, peneiras, separadores magnéticos e raios X. Natália concluiu ressaltando que as pessoas e a percepção de perigo e risco são essenciais para o controle efetivo dos perigos à segurança de alimentos rumo a uma cultura madura de segurança de alimentos.

Mateus Moraes da Fortress associou a importância das tecnologias de detecção de metal para o controle de perigos significativos à segurança de alimentos, enfatizando a importância de escolher os equipamentos certos de acordo com cada tipo de produto e processamento. Abordou também que a calibração do equipamento de detecção se dá pelo ajuste da sua sensibilidade considerando o alimento isento da presença de contaminantes, design higiênico e o uso de software de controle que dá mais garantias de execução, análise de dados e tendências.

Finalizando a parte da manhã, tivemos Marcelo Pereira da Ultralight que associou o controle de pragas como um pré-requisito essencial a prevenção dos perigos físicos e também microbiológicos apresentando estratégias que podem ser usadas para um controle mais efetivo, tais como: cortinas de ar e PVC, armadilhas luminosas, armadilhas roedores, telas milimétricas, antessalas, portas com fechamento automático, vedação de aberturas, vedação de ralos e barreiras contra pássaros.

O segundo bloco da manhã com a abordagem de perigos químicos foi iniciado pelo especialista André Oliveira da Somaticell com a palestra sobre “Resíduos de antibióticos em leite” mostrando o cenário do controle destes contaminantes no Brasil associando aos requisitos legais do MAPA, enfatizando a relevância dos programas de autocontrole e os desafios da rastreabilidade. Um ponto importante de sua palestra foi sobre o que devemos considerar em um programa de controle de resíduos de antibióticos. Escopo, objetivo (incluindo duas famílias betas+tetraciclinas), estudo de drogas (grau de risco incidência e abrangência), especificidade (o que detecta), grau de proteção e exclusividade (o que interfere) são tópicos que não podem faltar neste programa. Além disso, trouxe como curiosidade que existe um aplicativo app somaticell para apoiar as anotações da análise e apresentação dos dados para fiscalização.

Os perigos alergênicos foram apresentados pela Lívia Rodrigues da Food Solution. O alerta pelo tema começa pelos falta de registros envolvendo recall de alimentos por alergênicos no Brasil quando comparados com os dados de outros países. Ela mostra as principais causas de recall de alergênico como exemplo: erros de embalagem, substituição ou adulteração de produto, contaminação cruzada acidental, problemas de teste analítico, dentre outros. Lívia fala da importância da validação das medidas de controle e atenção com os métodos escolhidos em relação aos limites de detecção. E se a validação mostrar que ainda há presença do alergênico proveniente da contaminação cruzada a declaração “pode conter” deve existir.

Elionai Fidelis do GMO Laboratório de Controle de Qualidade assumiu a plenária para fechar o segundo bloco sobre perigos químicos falando sobre Enteroxinas Estafilocócias e sua relevância para a segurança de alimentos. Abordou sobre os desafios do seu controle já que é resistente a alta temperatura e tem como agente, o Sthapylococcus Aureus presente principalmente nos manipuladores de alimentos, sendo eles os principais causadores da contaminação cruzada. Como forma de controle deste microrganismo apresentou medidas preventivas que devem estar associadas a manutenção das temperaturas de processo e adequação das boas práticas de fabricação.

A sessão da tarde da FestQualiDay BH foi aberta pela Carol Castanheira com a palestra sobre Microrganismos Indicadores – avaliação indireta da segurança do alimento. Os microrganismos indicadores ajudam monitorar e verificar sanidade de processo, detectar mudanças de qualidade, classificar alimentos, indicar contaminação de origem fecal, presença de provável patógeno, deterioração potencial do alimento e restringir o uso de água e de alimentos. Apresentou que para prevenirmos a ocorrência de contaminação microbiológica existem medidas básicas que são essenciais, como por exemplo: higienização, controle de temperatura, presença de um programa de monitoramento ambiental, gestão de pessoas e capacitação delas.

Fabiana Bittencourt da Laborclin conduziu sua apresentação falando sobre “Microbiologia tradicional pode ser mais simples do que você imagina. Métodos Rápidos para Análise”. A palestrante teve como proposta desmistificar o uso da microbiologia tradicional, visto que ela deve ser uma aliada e não uma vilã. Além disso, demonstrou onde métodos rápidos de análise podem ser aplicados e a integração com técnica avançadas e pesquisa contínua. Por fim, demonstrou as vantagens da avaliação microbiológica por métodos rápidos: simplicidade (dispensa equipamentos avançados ou procedimentos complexos), confiabilidade (métodos consolidados), custo-benefício (métodos consolidados) e aplicabilidade (aplicados em diferentes contextos da microbiologia de alimentos).

O tema Métodos rápidos para análises microbiológicas em alimentos – como melhorar o desempenho do laboratório, foi apresentado pela Natalie da Neogen. A palestrante traz perguntas para reflexão sobre o uso de testes rápidos: o quão importante é ter tempo para gestão e controle de resultados? Qual o impacto de se liberar resultados mais rápido? Qual o custo de um produto parado aguardando liberação? Qual é o impacto da liberação de um resultado errado? Será que preço é o mais importante? Se comparados os métodos rápidos com os tradicionais, foi visto que os métodos rápidos são: tempo menor para resultado, menos etapas, menos chance de erro, redução de tempo de mão de obra, aumento de eficiência, giro de estoque mais rápido e sustentabilidade.

Para finalizar o evento o palestrante Ricardo Trajano trouxe uma reflexão sobre o propósito de vida e foi realizada uma mesa redonda com perguntas e resposta onde todos os palestrantes do dia estiverem presentes.